O que você quer ser quando crescer? Pergunte a qualquer criança e você colherá as respostas mais criativas, mas "ser vendedor" duvido que encontre em alguma.

A maioria das pessoas "está vendedor(a)", poucas escolheram "SER vendedor(a)" por sonho.

Faça uma pesquisa e você verá uma quantidade infinita de pessoas formadas nas mais diversas profissões exercendo funções de venda. Normalmente, consideram a profissão em um estágio temporário "enquanto não encontram algo melhor".

Você já viu alguma escola que forme vendedores? Talvez tenhamos na falta de educação ou formação para a venda as respostas para as diversas experiências ruins que temos ao longo da vida quando precisamos adquirir algo. 

O curioso é que sendo uma profissão tão antiga e necessária para as organizações, a qualificação dos vendedores se resume a treinamentos esporádicos. 

Vendedores como conhecemos hoje surgiram na Revolução Industrial, por volta do sec XVIII, e ganharam muita importância com as estradas de ferro, chamados então de viajantes, estes profissionais levavam produtos e notícias da metrópole para as diversas regiões que atendiam.

No pós-guerra, os vendedores também ganharam notoriedade e as empresas passaram a investir mais nesta área. A eles, cabia apresentar as vantagens e benefícios de seus produtos com foco na satisfação dos clientes.

No entanto, na era pós-moderna temos uma infinidade de produtos iguais e que proporcionam as mesmas vantagens e benefícios. A internet está ao alcance das mãos e não existem mais fronteiras para a compra. Não existe mais o vendedor na etapa de pesquisa do consumidor... então, os desafios mudaram. 

Mas antes de prosseguir, que tal eliminar alguns preconceitos relacionados à venda e ao vendedor?

Vender não é empurrar. Vender não é enganar. Vender não é vergonhoso.

Vender é pagar os salários dos colegas. Vender é dar sustentabilidade a negócios. Vender é prestar serviço e ser útil. Vender é atender a necessidade de alguém. Vender é ajudar as pessoas a escolherem. Se você pratica alguma destas ações no seu negócio, ou profissão, parabéns! Você também é um vendedor!

O fato é que o tempo todo estamos vendendo algo, não importa qual seja a profissão. Vendemos, ou não, a nossa imagem, nossos projetos, produtos, serviços ou ideias. Todo mundo é vendedor, então vença seus medos e se jogue! Ups... SE VENDA! ;)

Muita gente pensa que para ser vendedor é preciso ser aquele sujeito extrovertido, que sabe contar piadas e falar o tempo todo. Tire isso da cabeça. Claro que para vender é importante saber se comunicar, mas a clareza e a sensibilidade de ouvir as necessidades do cliente são ainda mais importantes.

Costumo usar o exemplo do médico para desmistificar o papel do "vendedor falador". Quando entramos no consultório quais as perguntas que o médico normalmente faz? - Está tudo bem? Quais são suas queixas? O que você deseja resolver? Ele escuta suas dores, e faz muitas perguntas, até então, poder prescrever algo.

Faça mais perguntas do que exposição dos seus produtos.

É importante também conhecer o que você vende. Parece clichê, óbvio demais. Mas muitos vendedores não conhecem o que estão vendendo. Pergunte-se: - Qual a transformação que eu promovo quando alguém compra o que eu vendo? - Se não souber a resposta, mergulhe no seu produto. Estude manuais, contratos, detalhes e tudo que precisar para ter a resposta mais segura.

Só assim você vai conhecer os benefícios que oferece para então ser capaz de convencer o outro.  Se você não acredita, não vai convecer ninguém. Se não conhece o que vende, dificilmente vai vender também. Aproveite para conhecer também o mercado do cliente que visita. Assim, passará mais confiança e estará preparado para colocar todos os benefícios que o cliente terá ao escolher você.

Conheça sobre você e sobre o cliente. 

Toda venda esbarra nas tais objeções. Isso é natural. Não leve para o lado pessoal,ninguém é obrigado a confiar em você. Mas é seu dever transmitir informações que passem a segurança necessária para a compra. 

Se antecipe às objeções e seja honesto para passar confiança.

Cada vez mais, as pessoas compram valores. Tenha cuidado com a sua imagem. Cuide do que você fala nas redes sociais... Como se posiciona em fatos polêmicos para evitar situações desnecessárias e, também, que isso seja um empecilho para a sua venda.

Pessoas compram valores.

Você compraria a terapia de um psicólogo que vive triste nas redes sociais? Compraria a orientação de um advogado que vive envolvido em brigas judiciais ou se vangloria por saber se livrar das leis? Compraria estilo de vida de alguém que só vive reclamando de tudo? Então, pense na sua imagem e se ela reflete o que você vende.

Com a internet muita coisa mudou...

107 milhões de internautas no Brasil (segundo IBOPE 2013);
98,9% dos internautas usam mecanismos de busca (google e outros);
80% dos internautas não chegam a olhar a segunda página nos resultados de busca.

Os dados acima apontam sobre a necessidade de empresas e profissionais terem uma presença web impactante para que sejam mais facilmente encontrados pelos consumidores. E a venda passa então, a ter cada vez mais relação com a imagem, valores e experiência de compra que as empresas ou profissionais proporcionam.

Pessoas precisam estar na web com a mesma presença das empresas que representam, pelo simples fato de que perguntamos ao Google sobre tudo. 

Se você é médico, venda sua imagem de autoridade escrevendo artigos e ajudando as pessoas. Se você é desenhista, exponha a sua arte e ensine sobre ela. Se você é secretária, compartilhe bons hábitos e curta a empresa que você trabalha.

Ajude as pessoas. 

A Inteligência Artificial já vem substituindo e eliminando muitas profissões, mas ainda está engatinhando na busca pelo sentimento de empatia, que só humanos possuem. Ou deveriam possuir (#ironiaaqui).

Tanto uma venda física ou virtual necessitam cada vez mais dos elementos básicos da tratativa humana. Valores como educação, respeito, empatia, cordialidade, atenção e carinho continuam sendo fundamentais.

Fique de olho em negócios que estão mudando outros negócios como, Uber, Nubank, Airbnb e outros que privilegiam o serviço, a atenção, a qualidade, o compartilhar, a inclusão, e note a forma como vendem suas ideias e serviços. 

As pessoas compram valores. Valores são coisas de gente. Se você é um ser humano gentil, educado, preocupado com as pessoas, elas notarão isso e a sua parte na venda será ouvi-las como quem ouve um amigo.

Seja você médico, dentista, porteiro, engenheiro ou operador de máquinas: não tenha medo de se vender e tenha certeza que, sendo "melhor gente", você será também, um melhor vendedor.

Revisão do texto: Flávia Cadinelli. Jornalista e idealizadora do Movimento Zen.